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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Para

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Dentro de um útero-terra,
se esconde um feto-semente:
perdido em oco e negro,
achado em verde porvir.
Seu silêncio e segredo
guardam uma revelação:
o que romperá um ventre,
o que surgirá no entre.
Dentro da terra-barriga,
um ovo só, sua intriga,
fabula, fértil, um enredo.
Futuro tempo descerra
o que hoje é velação.
Surpresa? Quem lê a terra,
exegese de um crente:
ainda há de intuir
um vegetar conto-ação.

Espero sua visita, também, em Conto-gotas (aqui) e
Literatura em vida 2 (aqui).

sábado, 21 de janeiro de 2012

A urgência do amor

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Poemas de amor,
hoje, me surpreendem.
Palavras em língua estrangeira
os poemas de amor.
Entradas para um espetáculo passado,
os tais poemas de amor.
E um leve sorriso
– escárnio –
me aflora aos lábios,
ao ver o empenho
dos poemas de amor.
Páginas do calendário de 1810
são e serão, sempre,
os poemas de amor.

Contos meus em Conto-gotas (aqui) e muita literatura em Literatura em vida 2 (aqui).

domingo, 1 de janeiro de 2012

Pequenos poemas para um grande ano


Todos os poemas abaixo estão registrados
no Escritório de Direitos Autorias - RJ.

Fundamental

Eliane F.C.Lima

Da vida, a coisa boa:
café fumegante,
janela e horizonte,
o olho à toa,
vagando ausente,
entre passado e presente.

Fugacidade

Eliane F.C.Lima

A força da rosa é fraca
e nisso está sua beleza:
perde o belo no eterno,
ganha em sua incerteza.

Sobrenatural

Eliane F.C.Lima

Lua redonda e branca.
Pelos olhos,
célere,
entrou-me na célula.
Pelos eriçados,
sentei-me a uivar.

Sobrevivendo

Eliane F.C.Lima

A vida se perde
e logo a tristeza se acha:
coração se encaixa.


Verão

Eliane F.C.Lima

Lago frio e verde.
Noite, a vaidosa lua
mira a si tão nua.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Tempos de paz

Caras (os) amigas (os) visitantes,

Desejo a todas (os) a felicidade completa nas reuniões familiares que comemoram as festas de Natal e Ano Novo. Mas, principalmente, desejo que 2012 seja o ano da paz para todas (os) nós.
Eliane F.C.Lima

domingo, 18 de dezembro de 2011

Jardim

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Jardineiro natural
desfolha, pétala a pétala,
as rosas, amarelidão,
almas, assim, perfumadas,
fim de seu ciclo botão.
Almas e cor, desdobradas,
amarelo roseiral,
do corpo verde de planta,
renego de ar de santa,
para o bem ou para o mal,
seus espinhos, seu punhal.

(Faça uma visita a meu blogue Conto-gotas (aqui) e Literatura em vida 2 (aqui).)

sábado, 26 de novembro de 2011

Destino

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Pobre do mar
a esperar o rio.
Pobre do rio
a correr
para o mar.
Esperança de um,
destino de outro?
Querer-se-iam esse amor?
Ironia de um –
que sofre –
o nome “rio”?
Negação de outro,
carente de um prefixo:
“a-mar”?

Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 (aqui) Conto-gotas (aqui).

domingo, 6 de novembro de 2011

Da vida

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

De repente,
o mundo some,
há voragem,
há vertigem,
rodamoinho, ruína,
abismo e vendaval,
o caos, o nada,
sem nome.
Da direita à esquerda,
vai-se do sul ao norte.
É a vida temporal.
Sob a marquise do medo,
numa oração para a sorte,
pede-se a última gota,
a derradeira lufada,
se quer a saída rara.
De repente,
a vida para.

Aguardo sua visita em Conto-gotas (aqui) e Literatura em vida 2 (aqui).

domingo, 23 de outubro de 2011

No fim da curva

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Depois que eu morrer
vou andar pelas margens de um rio,
vagarosíssimo, quase lago,
esverdeado do mato em volta,
enormes árvores,
com trepadeiras torcidas,
que pendem até o chão.
Vou sentar ali,
meio frio,
uma névoa presa em tudo,
e adivinhar gotas,
movimento imperceptível,
que pulam das folhas,
fim da noite,
orvalho da madrugada,
um círculo no círculo maior
e outro maior e outro...
Olhar agudamente,
que uma morta não tem pressa.
Ver uma folha seca,
que navega,
tranquilamente, nesse rio,
vagarosíssimo.
Se desejar, descer o rio
sentada na folha,
que uma morta não tem peso.
E ver outros lagos,
que a correnteza encontra.
Pouca luz do sol,
teimosia do céu,
que as árvores,
imensas e abraçadas,
filtram, mesquinhamente:
uma cortina, tênue e esgarçada,
quer macular o rio,
acompanhada de uma flauta de anjo,
se anjo e flauta houver.
Mas, no verde e na paz,
só silêncio,
que uma morta não precisa de som.

Ainda edito o blogue Conto-gotas (link) Literatura em vida 2 (link). Chegue até lá.

domingo, 9 de outubro de 2011

Orfandade

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Urgência:
busco uma utopia.
Quem me empresta uma utopia?
Um colo de esperança,
um ninho de certeza,
aposta no futuro.
No céu, entre as nuvens,
não paira uma utopia.
No altar, não há uma utopia,
quero acender minha vela.
À noite, de joelhos,
faço uma prece vazia,
pois não há mais utopia.


Vá até meus blogues Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

domingo, 18 de setembro de 2011

Estática

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Dedico este poema a Rafael Nolli (link do blogue)

O medo não vem da mão levantada,
bofetada em punho.
O medo não vem dos olhos raivosos,
que partem o corpo ao meio,
raio coriscante.
O medo não vem dos dentes rilhados,
que encostam os cães contra a parede.
O medo não vem da sombra negra,
silhueta de punhal à mão.
O medo vem das mãos cruzadas,
dos olhos baixos,
do silêncio covarde, envergonhado.

Aguardo sua simpática visita, ainda, a meus blogues Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

domingo, 4 de setembro de 2011

Flashback

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Magra menina,
aquela.
Magra vida,
mancha de sonho,
aquarela.
Olho triste,
feia menina
revela.
Um azul todo borrado,
sonho de menina,
tela.
Tanto medo,
hoje rima,
ela.

Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

sábado, 20 de agosto de 2011

Tradutor

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Há uma carta.
Não diz nada,
coleção de palavras.
Quem lia
era meu coração,
escritor, poeta, iludido.
Ele lia “amor”,
onde havia “panela”,
“paixão”, onde “sapato”,
“eterno”, onde “saída".

Aguardo sua presença em meu outro blogue Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

domingo, 31 de julho de 2011

Passado a limpo

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Todo morto vira santo.
Nunca mais o dinheiro roubado,
a intriga contra o inimigo,
a vizinha mal falada:
discrição e gravidade.

Visite também meus blogues Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Felina

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Tal qual os gatos, no frio,
sento-me ao sol.
O quente vem chegando,
manda o frio embora,
manda a ânsia embora,
embora a hesitação.
O quente traz as certezas,
a paz amornando a pele.
A sapiência é um gato.

(Visite, ainda, os blogues Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link) .)

domingo, 19 de junho de 2011

Hosana

Homenagem a José Saramago (1922-2010)

Eliane F.C.Lima (Registrado no EDA - RJ)

Hosana

Sentado estava Deus, e absorto
– que Deus também tem dúvida e anseio.
E chega-lhe, de manso, em pleno horto,
um magro homem e senta ali no meio.

De imediato o deus o reconhece,
é Saramago, dele não se esquece.
O homem, mesmo vendo, não acredita
e se exaltar, à toa, ainda evita.

Mas o outro – a espera não foi vã –,
mesmo Deus, o coração aos pulos,
sorri de si, e mais dos homens fulos
que, no lodo, cospem ira anã.

Mostra as guirlandas postas pelos cestos,
a festa preparada ao José,
declama, decorados, os seus textos,
demonstra com clareza sua fé.

Diz-lhe que agradece a cada dia
a negação daquele deus cruento,
do que foi só malévolo invento,
daquilo que – por Deus! – não existia.

Negando as hipócritas mentiras,
o uso da falácia e do poder,
falsa verdade que sempre o traíra,
Saramago o estava a defender.

Manso poeta, o abraço às costas,
vê ao redor de si um outro homem,
e, sem se importar por quem o tomem,
envolve-lhe, cálido, as mãos postas.
(03-07-2010)


Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 e Conto-gotas.

domingo, 5 de junho de 2011

Paz gustativa

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

À tarde, leite fervente com canela,
bolo de milho ainda morno.
E o mundo é bom,
as pessoas, fraternas e generosas,
a felicidade, eterna.
(Aguardo você em Literatura em vida 2 e Conto-gotas.)

(Continuo remetendo para o Longitudes, de Nydia Bonetti, poeta que postei em Literatura em vida 2. É maravilhar-se.)

domingo, 22 de maio de 2011

Poesia

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Móveis antigos não falam.
Quem fala sou eu,
ouvindo-lhes a voz secreta,
um murmúrio contínuo,
de muitos, do passado.
Lembram de tudo
e não contam.
Conto eu,
minha voz secreta,
meu murmúrio contínuo,
do presente.

domingo, 8 de maio de 2011

O seio

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Poema dedicado à minha mãe, um pouco antes de sua morte.

Hoje preciso de mãe mais do que nunca,
me enrolar em seus braços e tremer de medo.
Porque tenho medo mais do que nunca,
eu que nunca temi coisa nenhuma.
A maior solidão é a de não ter colo de mãe,
refúgio inexpugnável.
Naquele rosto frágil e delirante reconheço tudo:
a demência, o pavor, o escuro da insensatez.
De quem é esse rosto, minha mãe?
Não o seu, não o seu.
Onde o refúgio, onde o colo,
onde o seu olhar nesses olhos enlouquecidos,
nessa face envelhecida e tristonha,
nessa respiração arquejante,
nessas palavras vacilantes e sem nexo?
Onde a mãe?
Mãe é forte, é consolo, é abrigo.
Hoje sou eu que preciso ser forte
e onde a força?
Hoje sou eu que devo proteger
e onde o colo,
eu que choro fraca e amedrontada, recém-nascida sem alívio [de seio?
Ser sua mãe?
Em mim só cabe a pequenez de filha.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Monólogo II

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

A solidão envolve o ser humano
e o ser se vê preso pela corrente do sozinho.
A multidão congela o ser em uma ilha.
Barcos vão e vêm.
Mas uma ilha olha outra ilha, de longe e só.

A solidão é uma galáxia de estrelas.
E estrelas piscam suas luzes individuais.
Mandam mensagens, querem conversa,
mas ninguém responde...
E uma estrela olha outra estrela, de longe... e só.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

AVISO

Devido à preparação de mudança para o Rio de Janeiro - de volta a meu paraíso! -, durante, pelo menos, este mês, não haverá postagens novas. Agradeço a quem quiser visitar os poemas já editados. Mas, abaixo, uma quadrinha fevereira.

O retorno

Nascida em fevereiro,
sou
peixe de água doce.
Ainda não o fosse,
sou o Rio de Janeiro.
(06-02-2011)


sábado, 29 de janeiro de 2011

Família

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Mesa de pés de ferro,
o tempo, já azinhavre,
o tampo, vidro pesado,
os anos, já mais de cem.
Veio de avós de avós,
juntando história e matéria.
Pura ilusão, penso eu:
lembranças, sonhos, feitiços,
tudo volátil e enganoso,
tudo morto e enterrado.
Calam-se a mesa, seus pés
e o transparente tampo.
A matéria, sobrevida,
mas a história já mudou,
lembranças, sonhos, feitiços,
tudo, há muito, se calou.
Sobre o vidro, meu papel,
minha caneta e memória.
Minha poesia vive,
tal qual estes pés de ferro,
minhas avós desenterro,
comigo, um século vem.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - EDA - RJ)


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domingo, 16 de janeiro de 2011

Fim de caso

Eliane F.C.Lima

Eu andava cheirando o chão onde passavas,
como os cachorros.
Como mudou assim?
Junto as coisas que deixaste,
na fuga,
e faço xixi em cima.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)


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Estou ainda em:
1.
Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link).
2
.
Recanto das Letras (aqui).
3. Portal Literal (aqui).
4. Alma de Poeta (aqui).

domingo, 2 de janeiro de 2011

Desejo de Ano Novo

Eliane F.C.Lima

Não sei o que se passa, de repente,
que ando procurando alguém ausente,
que ando procurando um sentimento,
pisando com esse passo vago e lento.

Um dia havia amor, isso havia,
sorri diversas vezes, algum dia.
A taça borbulhante em meu peito,
era esperança, fosse de que jeito.

Hei de encontrar atrás de alguma porta,
a esperança ainda não está morta,
ouço-lhe, ainda, forte a chamada.

Há uma senha, chave encantada:
quero abrir, com força, a porta certa,
hei de mantê-la, para sempre, aberta.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)


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domingo, 19 de dezembro de 2010

Iguaria

Eliane F.C.Lima

Hoje,
em minha mesa,
serve-se a saudade...
Cercada de bons vinhos,
um manjar branco e antigo,
suas arcaicas ameixas,
à sobremesa.
Em meu prato de porcelana,
herdado e fino,
degusto o passado,
um copo de lágrimas, de permeio.

(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)


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domingo, 5 de dezembro de 2010

Ciclo

Eliane F.C.Lima

Desde as cavernas,
as águas rolam
e os raios, estilhaços no céu.
Aquele ser, aberta a boca e os olhos,
treme de medo,
desde as cavernas.
Senhor dos animais,
das plantas, rios e lagos.
Dos raios explodidos,
das águas inundadas,
terremotos e furacões,
dos prédios desabados,
tremerá de medo,
oculto de novo,
em suas cavernas.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

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domingo, 28 de novembro de 2010

Intriga

Eliane F.C.Lima

Mangueiras. Comadres:
boatos secretos,
suas folhas pontudas,
murmurinhas ao vento.
Sussurram de mim
suas vozes de chuva?
Disfarces, olhares oblíquos,
malícias, maldades?
As mangueiras, comadas,
seu verde, verdugo,
vergasta a verdade:
um grande segredo
rumoram ao vento.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais,
como todos os textos)



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domingo, 21 de novembro de 2010

Mudança II

Eliane F.C.Lima

Casa nova: limite afrouxado
para não caber meus sustos,
angústias, desilusões.
Meu corpo dilatado:
sala enorme, corredor sem fim,
varandas e quartos.
Para caber a minha alma,
vaga, que vaga,
novo espaço alargado,
casa nova, corpo antigo,
corpo antigo, casa nova,
buscando a feliz esperança,
que aqui está.

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domingo, 14 de novembro de 2010

Mudança

Eliane F.C.Lima

Nova casa, nova alma,
seu ninho entre paredes.
Novos sonhos,
guardados nesses quadrados.
Nas janelas, em seus quadros,
os sonhos entram ou voam.
Minha casa, corpo ampliado
e a alma alargada nos quartos.


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Estou ainda em Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link) e Recanto das Letras (aqui).


sábado, 6 de novembro de 2010

Diamante

Eliane F.C.Lima

A vida é o ourives.

Sou polida a cada dia.
Reverso de diamante,
vou perdendo o brilho.
Ontem fiquei mais fosca que antes,
hoje sou menor que ontem.
Cada vez valho menos.




Convido o visitante deste blogue a ir a Conto-gotas (por aqui), onde há um novo conto meu e a Literatura em vida 2 (o caminho é esse), no qual posto novo ensaio.

Estou ainda em Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link).

domingo, 24 de outubro de 2010

Afinal

Eliane F.C.Lima

O meu dragão, onde está?
Procuro pelas esquinas.
Onde foi que se perdeu?
Tem as garras afiadas,
a bocarra imunda e quente,
seus olhos verdes vidrados,
o ódio acaba na cauda.
Tudo junto, onde irá?
Apuro ouvidos e olhos,
apuro, fino, meu faro,
a minha pele esfriada,
procurando labaredas.
Aguardo seus urros loucos,
incêndios e destroçar.
Belo corpo, meio cobra,
asas negadas de anjos,
se pode, vai para o céu,
se não, rasteja no chão.
Sabe de si, sabe tudo,
esse meu dragão querido.
Hei de achá-lo, de surpresa,
hei de dar-me, sua presa.

Convido o visitante deste blogue a ir a Conto-gotas (por aqui), onde há um novo conto meu e a Literatura em vida 2 (o caminho é esse), no qual posto o ensaio "Essa gente raivosa." Estou ainda em Debates Culturais (link), onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima. Recomendo ainda, nesse mesmo endereço, a excelente Cintia Barreto, além de todos os outros.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Haiti dentro de mim

Eliane F.C.Lima

Tive um sonho mau:
de destroços, de choro, de fome.
Eram pés deambulantes,
bocas rotas,
olhos em busca de vida.
O mundo era ali, tragado, –
resto de mundo – e ruínas.
O caos. Aí, a vida errante,
erra, vagarosamente,
com pernas bambas,
passos inseguros.
A vida buscando
sob minhas lajes,
no meio do pó desabado,
por entre vigas caídas,
um restinho de humano.

domingo, 10 de outubro de 2010

O vento e o tempo

Eliane F.C.Lima

Diz Cecília que o vento,
o vento empurra o tempo,
mexe as folhas, leva areia,
revolve a alma e a vontade.
Cecília diz que o tempo,
o tempo empurra a vida,
corta a sorte, faz ferida,
apaga a felicidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Retrato

Eliane F.C.Lima

Era a vida,
seu movimento:
a juventude, o sonho, a festa.
Caleidoscopio colorido,
tudo mudança.
E veio a foto,
caras muitas, sorrisos sentados,
braços e ombros, entrelaços,
alegria presa do papel.
A vida, fugaz, foi.
Velhice,
mortos quatro,

um olha a foto:
de quem são os sorrisos,
de quem a juventude,
onde a festa,
que é do sonho?
A alegria, fugaz, fugiu.

Aguardo a todos em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

domingo, 26 de setembro de 2010

Mágica estrada

Eliane F.C.Lima

Nasci e a vida já indo:
um roteiro pela frente,
enorme estrada de luz.
Hoje, as luzes se apagando,
aperto os olhos e ando,
agora, já devagar.
E percebo, inutilmente,
que o caminho é só voltar.

Há conto novo em Conto-gotas (link aqui) e nova postagem em Literatura em vida 2 (clique aqui).

domingo, 19 de setembro de 2010

Totalidade

Eliane F.C.Lima

Se me defino, eu me reduzo.
Aparo arestas, corto esquinas
e me arredondo.
Se me arredondo, eu me reduzo,
se é o círculo a perfeição.
Se sou perfeita, eu me reduzo,
tinha de um lado, tinha de outro,
o mau e o bom.
Se sou bondade, eu me reduzo.
Sou céu, sou chão,
ave altaneira, reptil cobra.
Se sou só cobra, eu me reduzo,
quero rastejo e quero voo.
Ser cobra e ave e peixe e lua,
se fico opaca e se eu luzo,
se sou a falta e sou a sobra,
faço o meu mundo para meu uso.

Em Conto-gotas (link), há postagem nova. E em Literatura em vida 2 (link), a poeta a ser visitada é Helena Kolody.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Aniversário do blogue

Ontem foi aniversário deste blogue. Eu não podia deixar de comemorar, mesmo com atraso. Portanto reproduzo o poema que lá postei, há um ano atrás.

Da lagarta e do casulo

Eliane F.C.Lima

Gesto dentro de mim uma lagarta prateada
que tormentosa não se quer dar ao mundo.
Da borboleta despreza o colorido profano.
É o sozinho seu campo de batalha,
a escuridão seus ataques contínuos,
o recuar o seu golpe fatal.
E se enrosca... e luta,
e se introverte... e lança.

(Agradeço aqui a foto lá de cima ao site "Imagens por favor." (link)

E aqui está a nova postagem, que havia sido colocada ontem, dia do aniversário, mas que transfiro para hoje, para que não fique esquecida lá atrás.

O mutante

Eliane F.C.Lima

Misturado a outros animais,
é anjo, sereia, centauro, esfinge,
cabeça humana sobre todos.
Insatisfeito, vira deus.
E expulsa a si mesmo do paraíso.
(Em 12-09-2010)

Quem gostou de meu poema está convidado a ler meu novo conto em Conto-gotas (link) e minha postagem sobre Helena Kolody em Literatura em vida 2 (link).

domingo, 5 de setembro de 2010

Das especificidades do amor

Eliane F.C.Lima

Amor morto não deixa marca.
Não há memória
no amor morto.
Não é aborto,
fuga de porto,
desfecho torto.
Amor morto,
ninguém se lembra,
jamais se viu.
Amor morto nunca existiu.

Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 (link) e em Poema Vivo (link).

domingo, 29 de agosto de 2010

Macia seda

Eliane F.C.Lima

(Homenagem ao engenho musical de Michel F.M.)

Um anjo canta,
som masculino,
seu doce mantra.
Ainda menino,
claves de sol,
semicolcheias,
são suas teias.
Com passo leve
– a vida é breve –,
não toca harpa,
não toca sino,
só seu destino.
Dedilha cordas,
retira a farpa
que fere o ouvido
de nossa vida.
De tão menino,
de tão canoro,
me afaga o ombro,
me embala o sono,
divina lida.

(Escrevi este poema, surpresa com o talento criativo e a voz jovial de Michel F.M., um de meus seguidores, em seu blogue ÁSPERA SEDA (convido-o a visitá-lo aqui). Sempre me deixa crente no futuro o encontro da juventude com a poesia.

domingo, 22 de agosto de 2010

Enlace

Eliane F.C.Lima

Asas abertas, plana alto o anjo,
Busca, agudos olhos, o seu deus.
Luz solitária, vento amigo e brando,
sobre as nuvens – pássaro sem os seus?

Enormes asas, boi, montanha, lago,
pequena sombra erra pelo chão.
Achará, hoje, um dia, assim voando,
a quem procura, um rumo torto e vago?

Asas intensas, agora, entre as estrelas,
até a lua, baixa à rua, à várzea nua,
perscruta, atento, a cada vão desvão,
se vê imagens, voa, ali, ao vê-las.

Abertas asas, fugiu ao paraíso?
Não estava lá aquilo a que buscava?
Um par sem mancha, aberto, voa alto,
a face calma, mesmo sem sorriso.

E, finalmente, asas em sobressalto,
uma pessoa, abaixo, segue dura.
Desfeito todo em ternura e gratidão,
enxerga nela o criador a criatura.

Faço crítica literária em Literatura em vida 2 (link) e posto meus contos em Conto-gotas (link).

domingo, 15 de agosto de 2010

Hoy

Eliane F.C.Lima

No soy ojo,
yo soy boca.
Recibo cuando me doy.
No me quedo y miro el mundo,
miro el mundo por mis manos,
yo soy mundo en lo que soy.
Oigo el pasado, el futuro,
pero vivo, vivo hoy.
Miro el mundo por mis pies,
nos pasos en que yo voy.
Miro el mundo en tu mirada,
en tu mirada caliente,
donde veo, veo el pueblo,
donde llora nuestra gente.

Há postagens novas em meus blogues Literatura em vida 2 (aqui o caminho) e Conto-gotas (vá nessa direção).

domingo, 8 de agosto de 2010

Cor, cordis

Eliane F.C.Lima

Não guarde o coração na gaveta para deixar que ele bata mais tarde, quando você não tiver mais nada de importante para fazer;

não guarde o coração no bolso e o deixe esquecido lá, para só encontrá-lo, surpresa, quando vestir aquela velha calça incômoda;

não esqueça o coração em cima do armário que você só alcança, quando pega a pesada e insuportável escada de armar;

não perca o coração no meio dos livros que você deixou para ler não sei quando;

nenhum esforço vale o descompassado e sudorífero bater do coração vexado, surpreendido, flagrado, tartamudo, boquiaberto, trêmulo de amor.

Confira, também, meus blogues Conto-gotas (vá por aqui) e Literatura em vida 2 (o caminho é este).