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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Obesidade celeste

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Tenho é inveja das nuvens,
que lá ficam,
brancas e rotundas,
quando querem,
rotundas e cinzas,
se apraz.
Tenho inveja é das nuvens,
líquidas,
que descem
e se apossam de tudo,
cada desvão.
Saciadas do rés,
poças trêmulas,
de telhados,
calhas ligeiras,
gotas pacientes,
reúnem suas partes,
em milhões,
água de dentro da rosa,
água de pé do passante,
seus rios,
sua urbanidade,
e sobem, limpas,
amigas do sol,
sua pureza imaculada,
branco novamente seu acolchoado.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Momento

Eliane F.C.Lima

Façam silêncio enquanto o homem chora...
qualquer sussurro pode perturbá-lo.
Deixem o coração se indo embora,
saindo pelos olhos, rosto afora.
Façam silêncio enquanto o homem sofre...
fechada a agonia como em cofre.
Deixem o peito ir se dilatando,
farto de dor e palpitando cheio.
Um só gemido posto a mais no meio
pode rompê-lo, assim o estrago feito:
o sofrimento vazo pelo chão,
esfacelada a alma ao pé do leito,
mudo já e estraçalhado o coração.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Colheita

Eliane F.C.Lima

Brotam as primeiras sementes,
um verde vinga na terra.
Brotam os primeiros sonhos,
um a um, cor de esperança.
Colherei sonhos maduros,
vermelhos, ocres, laranjas.
O futuro na fruteira,
disposto dentro do peito,
na boca um gosto doce,
nos olhos diversas cores,
a alma já dando flores,
goiabas, uvas, pitangas.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Madrugada

Eliane F.C.Lima

Somente azul ainda escuro,
preguiça de clarear.
Somente lua e estrelas,
preguiça de apagar.
Somente barco boiando,
somente peixes e rede,
somente a leve brisa,
somente um rosa rubor,
borrado o azul do céu.
Somente o choro das ondas,
um vaivém de dormir,
um vaivém de esquecer,
preguiça de retornar.