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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Reveillon

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Seu pescoço olha o fora
e o fundo do mar: areia ou peixe.
Sua labuta todo dia,
vagabundamente.
Que lhe vale o 31 de dezembro?
Mais mar que o mar,
é onda o seu bamboleio,
cariocando.
Mareia o sol,
afunda aqui, surge alhures.
Patamente, não liga à Iemanjá.

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sábado, 1 de dezembro de 2012

Felicidade


Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ) 

Um travesseiro bom é chinelo velho,
almofada-mãe, a cadeira trono.
Uma bermuda larga é travesseiro bom,
é o filme antigo, é livro treslido.
Uma cadeira trono é a cama quente,
café com fumaça em inverno e avó.


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sábado, 10 de novembro de 2012

Permuta ou poema plurissignificativo

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Olho o morro.
O morro me olha.
Olhamo-nos.
Ele, pessoa, eu, morro.
Assim sei que vivo,
não morro.

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Atenção: como faço em Literatura em vida 2, me deu umas "cócegas" de professora em explicar o "plurissignificativo" do título, que se refere, sobremaneira, aos dois últimos versos. Significados:
1. Assim sei que eu vivo e eu não morro (verbo morrer).
2. Assim sei que eu vivo e não sou um morro (como ele).
3. Assim sei que ele é que está vivo e não é um morro.
Mas o texto inteiro admite a leitura personificada desse morro ou uma visão inteiramente subjetiva e, por isso, adulteradora sobre o morro por parte desse eu poético que enuncia.


domingo, 21 de outubro de 2012

Deia

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Ausculto a voz da velha.
Tão sábia, tão pré-arcaica.
Em mim, desde eu menina,
desde as cavernas está.
E me diz a vida,
o certo no meio do caos,
o abrigo no surto,
a calma na aflição.
Sussurra em meus sonhos,
dormidos ou despertos.
Exprime-se muda, telepática.
Só fala quando quer.

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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Poética


Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Rima rica:
dissesse o não conseguido;
o que a boca não fala,
não sabe.
Preciosa rima:
revelado o impossível,
herméticos lábios.
A raridade da rima:
dizer o inefável.

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domingo, 23 de setembro de 2012

Invisível paisagem

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Ao pé do Pão-de-açúcar,
do mar de domingo,
outro lugar, outro tempo.
Uma árvore vagabunda,
uma vila vagabunda,
casas vagabundas.
Vagabundo é meu coração:
sob esta paisagem global,
fareja um lugar medíocre,
em um tempo medíocre
da infância medíocre.


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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Salve 02 de setembro!

Domingo será dia 02 de setembro, aniversário de meu filho Gabriel. No dia 20-11-2009, saudosa dele, que estava longe, fiz um poema, que aqui transcrevo, para que ele leia no dia, junto com o resto da homenagem. Parece que, dada a sua importância, o nome do arcanjo da anunciação é pleno de comemorações. 

Gabriel
Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)
  
O amor nasceu em setembro.
Custou a chorar, não havia por quê.
Gordinho e cheiroso, como Eros,
veio para os braços, mitológico,
suas flechas acertadas desde o útero.
Apaixonada por ele, minha alma,
Psiquê conquistada,
rendeu-se feliz.
Anjo da anunciação,
anunciou-se a si mesmo
e me fez escrava do senhor,
daquele que chegava.



Do disco Amor de índio, a canção "Gabriel", de Beto Guedes e Ronaldo Bastos (recomendo a compra), era dedicada ao filho do primeiro, que hoje é músico. Lembro que esse disco saiu um pouco antes do nascimento de meu Gabriel, em 1978, e quando ele nasceu (1980), ainda fazia muito sucesso, embora o nome dele não tenha sido escolhido por isso. Na verdade, a música mais conhecida desse disco era "Sol de primavera", que, coincidentemente, dizia "Quando entrar setembro e a boa nova andar nos campos...". Ora, "a boa nova" prevista para setembro, para mim, era, justamente, o nascimento de meu rapazinho.




Agradeço ao cantor, ao YOUTUBE e a quem lá postou a linda canção (link).

sábado, 25 de agosto de 2012

Sequestro

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Dois patos sempre fazem o mar,
explosão nas pedras,
os morros ao fundo.
Seus mergulham e voltam
fazem o horizonte,
que azula ondas,
que azula e nuvens.

Dois patos fazem a areia,
seu beija-beija a água,
seu fofo e seco e conchas.
Dois patos somem a paisagem,
suas asas-fuga.
Levam ao paraíso.

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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Adversus

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Muitos anos,
só na cara!;
na lata!;
na marra!;
na raça!

Hoje? Coroa. 

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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Momento

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Torrente de palavras,
onda apocalíptica,
titânica, volumosa,
que avança
e invade
e engole
e consome;
azul cinza,
que explode,
além da praia,
além do controle,
seu turbilhão de espuma.

Torrente de palavras,
desde sempre onda,
à espera, à espreita,
atemporal,
em sua latência e fúria:
é poesia, quando afoga.

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sábado, 30 de junho de 2012

Surpresa

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Uma garça espreme sua brancura
na branqueza da areia,
longilínea, mas perto do mar,
bicos e penas, suspeitas ao sol.
Traços negros caminham na areia,
hesitantes.
Êxito do olhar.

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sábado, 16 de junho de 2012

Contato

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ).

Fale comigo pelo telefone:
ligue para onde não estou
e me encontrará ali.
Escreva para lugar nenhum.
Responderei à sua carta.
Mande um e-mail sem endereço.
Reenvio logo, logo.
Aguardo uma palavra,
uma só,
onde quer que eu não receba.

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domingo, 27 de maio de 2012

Mar

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Sozinha não estou:
o vento, mão de pluma,
veludo e carinho.
Sozinha não estou:
o Sol, ardência de vinho,
cumplicidade do vento,
envoltos no mesmo momento,
de duas carícias, uma,
amansam o que eu sou.

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sábado, 12 de maio de 2012

Variações sobre o tema I - Simbiose

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Dentro d'água, o pato é onda:
plácido, pena, plágio.

Dentro d'água, o pato é peixe:
fito, farsante, famélico.

Dentro d'água, o pato é pato:
marítimo, místico, mar.

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domingo, 22 de abril de 2012

Tártaro

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)


O que será que me saltou aos ombros,
e me arca a coluna,
Atlas vencido,
vergastado pelo mundo?
O que será que me assaltou o dorso,
me arca a alma,
o peso do universo,
férreo, mudo, implacável?
O que será que me saltou à vida,
me assaltou a vida,
me assassina a vida?


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domingo, 8 de abril de 2012

Ciclo

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

No colo de minha mãe,
sou criança aninhada,
embora meus fios brancos,
a pele leve enrugada.

Enroscada em colo-sonho
– minha infância eu componho –,
deitada nessa lembrança,
vejo a velhice-criança.

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sábado, 24 de março de 2012

Matura idade

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Juventude é pensar: há um futuro,
quando tudo acontece,
completamente.
Pois, no futuro, se vive
plenamente.
E, jovem, se é feliz,
porque há um futuro
e o futuro não mente.
No futuro se é belo,
se é rico, se é magro,
se viaja, se ama
e se alcança o sucesso,
indubitavelmente.
O futuro é o sonho
e a juventude é o sonho,
inconsequente.
E o futuro chega.
Mas travestido de presente.
Empurra a beleza, a riqueza,
a magreza, a viagem,
o amor, o sucesso
para a frente.
Velhice é perceber:
não há futuro.
Simplesmente.

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domingo, 4 de março de 2012

Estertor

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Só preciso de cetim vermelho,
copo de bebida destilada,
em surdina, um blues gemido.
Uma sandália linda, salto muito alto,
como pontada no dente,
um pé sob a cama,
outro sobre a poltrona,
anéis espalhados por todo o quarto,
umas argolas, finíssimas,
embrulhadas na meia,
algemas arrancadas.
Preciso de um abajur aceso,
luz fraca, sem ferir o olhar,
mas deixar ver
sem esforço.
Um cheiro de perfume bom,
impregnado no lençol de seda,
na camisola, na renda rara.
De quem?

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domingo, 5 de fevereiro de 2012

Para

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Dentro de um útero-terra,
se esconde um feto-semente:
perdido em oco e negro,
achado em verde porvir.
Seu silêncio e segredo
guardam uma revelação:
o que romperá um ventre,
o que surgirá no entre.
Dentro da terra-barriga,
um ovo só, sua intriga,
fabula, fértil, um enredo.
Futuro tempo descerra
o que hoje é velação.
Surpresa? Quem lê a terra,
exegese de um crente:
ainda há de intuir
um vegetar conto-ação.

Espero sua visita, também, em Conto-gotas (aqui) e
Literatura em vida 2 (aqui).

sábado, 21 de janeiro de 2012

A urgência do amor

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Poemas de amor,
hoje, me surpreendem.
Palavras em língua estrangeira
os poemas de amor.
Entradas para um espetáculo passado,
os tais poemas de amor.
E um leve sorriso
– escárnio –
me aflora aos lábios,
ao ver o empenho
dos poemas de amor.
Páginas do calendário de 1810
são e serão, sempre,
os poemas de amor.

Contos meus em Conto-gotas (aqui) e muita literatura em Literatura em vida 2 (aqui).

domingo, 1 de janeiro de 2012

Pequenos poemas para um grande ano


Todos os poemas abaixo estão registrados
no Escritório de Direitos Autorias - RJ.

Fundamental

Eliane F.C.Lima

Da vida, a coisa boa:
café fumegante,
janela e horizonte,
o olho à toa,
vagando ausente,
entre passado e presente.

Fugacidade

Eliane F.C.Lima

A força da rosa é fraca
e nisso está sua beleza:
perde o belo no eterno,
ganha em sua incerteza.

Sobrenatural

Eliane F.C.Lima

Lua redonda e branca.
Pelos olhos,
célere,
entrou-me na célula.
Pelos eriçados,
sentei-me a uivar.

Sobrevivendo

Eliane F.C.Lima

A vida se perde
e logo a tristeza se acha:
coração se encaixa.


Verão

Eliane F.C.Lima

Lago frio e verde.
Noite, a vaidosa lua
mira a si tão nua.