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domingo, 22 de maio de 2011

Poesia

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Móveis antigos não falam.
Quem fala sou eu,
ouvindo-lhes a voz secreta,
um murmúrio contínuo,
de muitos, do passado.
Lembram de tudo
e não contam.
Conto eu,
minha voz secreta,
meu murmúrio contínuo,
do presente.

domingo, 8 de maio de 2011

O seio

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Poema dedicado à minha mãe, um pouco antes de sua morte.

Hoje preciso de mãe mais do que nunca,
me enrolar em seus braços e tremer de medo.
Porque tenho medo mais do que nunca,
eu que nunca temi coisa nenhuma.
A maior solidão é a de não ter colo de mãe,
refúgio inexpugnável.
Naquele rosto frágil e delirante reconheço tudo:
a demência, o pavor, o escuro da insensatez.
De quem é esse rosto, minha mãe?
Não o seu, não o seu.
Onde o refúgio, onde o colo,
onde o seu olhar nesses olhos enlouquecidos,
nessa face envelhecida e tristonha,
nessa respiração arquejante,
nessas palavras vacilantes e sem nexo?
Onde a mãe?
Mãe é forte, é consolo, é abrigo.
Hoje sou eu que preciso ser forte
e onde a força?
Hoje sou eu que devo proteger
e onde o colo,
eu que choro fraca e amedrontada, recém-nascida sem alívio [de seio?
Ser sua mãe?
Em mim só cabe a pequenez de filha.