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domingo, 29 de agosto de 2010

Macia seda

Eliane F.C.Lima

(Homenagem ao engenho musical de Michel F.M.)

Um anjo canta,
som masculino,
seu doce mantra.
Ainda menino,
claves de sol,
semicolcheias,
são suas teias.
Com passo leve
– a vida é breve –,
não toca harpa,
não toca sino,
só seu destino.
Dedilha cordas,
retira a farpa
que fere o ouvido
de nossa vida.
De tão menino,
de tão canoro,
me afaga o ombro,
me embala o sono,
divina lida.

(Escrevi este poema, surpresa com o talento criativo e a voz jovial de Michel F.M., um de meus seguidores, em seu blogue ÁSPERA SEDA (convido-o a visitá-lo aqui). Sempre me deixa crente no futuro o encontro da juventude com a poesia.

domingo, 22 de agosto de 2010

Enlace

Eliane F.C.Lima

Asas abertas, plana alto o anjo,
Busca, agudos olhos, o seu deus.
Luz solitária, vento amigo e brando,
sobre as nuvens – pássaro sem os seus?

Enormes asas, boi, montanha, lago,
pequena sombra erra pelo chão.
Achará, hoje, um dia, assim voando,
a quem procura, um rumo torto e vago?

Asas intensas, agora, entre as estrelas,
até a lua, baixa à rua, à várzea nua,
perscruta, atento, a cada vão desvão,
se vê imagens, voa, ali, ao vê-las.

Abertas asas, fugiu ao paraíso?
Não estava lá aquilo a que buscava?
Um par sem mancha, aberto, voa alto,
a face calma, mesmo sem sorriso.

E, finalmente, asas em sobressalto,
uma pessoa, abaixo, segue dura.
Desfeito todo em ternura e gratidão,
enxerga nela o criador a criatura.

Faço crítica literária em Literatura em vida 2 (link) e posto meus contos em Conto-gotas (link).

domingo, 15 de agosto de 2010

Hoy

Eliane F.C.Lima

No soy ojo,
yo soy boca.
Recibo cuando me doy.
No me quedo y miro el mundo,
miro el mundo por mis manos,
yo soy mundo en lo que soy.
Oigo el pasado, el futuro,
pero vivo, vivo hoy.
Miro el mundo por mis pies,
nos pasos en que yo voy.
Miro el mundo en tu mirada,
en tu mirada caliente,
donde veo, veo el pueblo,
donde llora nuestra gente.

Há postagens novas em meus blogues Literatura em vida 2 (aqui o caminho) e Conto-gotas (vá nessa direção).

domingo, 8 de agosto de 2010

Cor, cordis

Eliane F.C.Lima

Não guarde o coração na gaveta para deixar que ele bata mais tarde, quando você não tiver mais nada de importante para fazer;

não guarde o coração no bolso e o deixe esquecido lá, para só encontrá-lo, surpresa, quando vestir aquela velha calça incômoda;

não esqueça o coração em cima do armário que você só alcança, quando pega a pesada e insuportável escada de armar;

não perca o coração no meio dos livros que você deixou para ler não sei quando;

nenhum esforço vale o descompassado e sudorífero bater do coração vexado, surpreendido, flagrado, tartamudo, boquiaberto, trêmulo de amor.

Confira, também, meus blogues Conto-gotas (vá por aqui) e Literatura em vida 2 (o caminho é este).

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

O absoluto

Eliane F.C.Lima

O silêncio de olhar,
o silêncio de ouvir.
O lento movimento,
de mansinho,
um vento sorrateiro,
leve brisa,
instaurada a paz de ninho.
A calma absoluta,
a luz pouca,
olhar sem sentir medo,
sem a roupa,
que cobre o corpo,
a alma:
a armadura.
Abrir – silêncio! – a estrutura
e espionar o fora,
mansamente.

Acompanhe minhas novas postagens em meus blogues Conto-gotas (por aqui) e Literatura em vida 2 (aqui).