Eliane F.C.Lima
Sigo esquecendo quem me esqueceu,
que da vida o que eu queria eram as lembranças.
São sombras vagas, vagas as pegadas,
apenas marcas que já não se acham.
Pego a taça, que está vazia,
aspiro o fundo, cheiro esquecido.
Só uma manchinha de afetos idos,
abandonada como última gota.
Até a taça – estará rachada? –
está largada sobre a pedra fria.
Onde andarão os amigos, companheiros,
aqueles que comigo sempre iam,
os que me davam a mão, me afagavam,
na verdade, os que sempre me queriam?
Ando lembrando quem me esqueceu,
embora não vislumbre um rosto firme,
sombras de sombras, vultos enlutados.
Em algum lugar, a festa segue,
as vozes riem, as mãos se entrelaçam.
Em algum lugar, a dança voa,
as conversas se rompem e se retomam.
Em algum lugar, pessoas amam,
se odeiam, se divertem ou se casam.
Em algum lugar... será passado?
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