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domingo, 18 de julho de 2010

Encontro

Eliane F.C.Lima

Miro a mulher parada,
ela virada pra fora.
Será que vê a paisagem?
Esgazear de olhos negros,
ares de enxergar o nada.
O que será que espia,
fita, investiga, espreita?
Parece esperar alguém...
um eu que de fora vem?
Encostada na esquadria,
a porta, de par em par,
seu corpo é como miragem.
As mãos, vaguidão em cada;
os pés, um já vai voar;
o rosto voltado, embora
pareça ao errante afeita.
Com que será que ela sonha:
futuro, mar, querubim?
Por ordem de deuses gregos?
Será por pura peçonha?
Ela olha para mim.
Fascinada, olho a mulher:
está nela a minha face.
E, sem qualquer mais disfarce,
é a mim que ela quer.

4 comentários:

Márcia Vilarinho disse...

Eu é que fico encantada em ler os seus textos. Muito bom. Esse está excelente, envolvente, criativo e lindo. Abraços

Guidinha Pinto disse...

Obrigada pela sua visita Eliane.
Li este poema-estória e me pergunto: auto-retrato? Gostei!
Beijo

ju rigoni disse...

Seus espelhos são sempre tão instigantes quanto belos.

Bjs, amiga. E inté!

carmem teresa disse...

Eu-interior diante do eu -lírico...a poesia espelha o conhecimento intrínseco da essencia que dissipa as ilusões dos falsos espelhos ...