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domingo, 19 de setembro de 2010

Totalidade

Eliane F.C.Lima

Se me defino, eu me reduzo.
Aparo arestas, corto esquinas
e me arredondo.
Se me arredondo, eu me reduzo,
se é o círculo a perfeição.
Se sou perfeita, eu me reduzo,
tinha de um lado, tinha de outro,
o mau e o bom.
Se sou bondade, eu me reduzo.
Sou céu, sou chão,
ave altaneira, reptil cobra.
Se sou só cobra, eu me reduzo,
quero rastejo e quero voo.
Ser cobra e ave e peixe e lua,
se fico opaca e se eu luzo,
se sou a falta e sou a sobra,
faço o meu mundo para meu uso.

Em Conto-gotas (link), há postagem nova. E em Literatura em vida 2 (link), a poeta a ser visitada é Helena Kolody.

6 comentários:

Cláudio B. Carlos disse...

Muito bom!

Graça Lacerda disse...

Definir-se é reduzir-se...
Reduzir-se, arredondar-se...
E, redonda, Eliane, você se torna perfeita, e ainda mais uma vez se reduz...
Nessa bela ciranda da Vida você vai se encontrando e percebendo a sua totalidade, o seu TODO!
Que lindo isso.

Um bom domingo, amiga!
Paz no seu coração!

Líricos Olhares disse...

Boa noite Eliane, embora nos últimos meses meu pouco tempo para a net, para o blog e para o que tanto amo que é escrever, tenho passado rapidamente para rever meus amigos e conhecer alguns outros, fico muito feliz por este encontro através da rede, muito alegre com tuas palavras plantadas lá no meu canto "humilde", o que me inebria de fato nesta vida é saber que apesar do desencanto para com o mundo, nós poetas sabemos que para o encantamento é necessário apenas jogar as sementes, obrigada, grande beijo, estou por aqui hoje e sempre. Adorei teu espaço e teu estilo... Bj!

ju rigoni disse...

"Ser cobra e ave e peixe e lua,
se fico opaca e se eu luzo,
se sou a falta e sou a sobra,
faço o meu mundo para meu uso."

E (ainda mais) me reduzo. Eliane, seu poema vai reduzindo o eu a um estranho todo, - extremamente vazio, cruel, irônico... Claro, uma leitura subvertida a um meu momento pessoal.

Bjs, amiga. Amanhã de manhã vou me submeter a novo exame. Depois te escrevo com calma. Bjs e inté!

Sonia Pallone disse...

Lindo poema, em que você se reinventa e nos encanta. Bjs.

Márcia Vilarinho disse...

Tive a oportunidade de comentá-lo na Casa da Poesia e esse teu texto é sobremaneira intrigante, fustigante e reflexivo, na necessária visão que fazem e temos de nós. Bem escrito. Delicioso de ler. Abraços