Um mundo fechado de perfume e seda,
um mundo aberto de miséria e morte.
Um ronco histérico de motor de carro,
um urro histérico de boca de homem.
Uma criança que vomita de fome,
uma mulher que vomita o whisky.
Um urubu comendo um boi morto,
um pássaro azul numa gaiola de ouro.
Uma taça de champanhe contra a luz de candelabros,
uma taça de vinho contra a luz do altar.
Um verme sobre um cadáver podre,
uma serpente verde no corpo nu de mulher de circo.
Um pé que samba,
um pé que esfacela.
Uma mão que apalpa,
uma boca que ri,
um olho que chora.
Um olho cor de mel,
um olho azul,
um olho castanho,
um olho verde,
um olho negro,
uma negra cavidade sem olho.
Um estalar de fogos de artifício,
um retumbar de bombas.
Uns ombros que sacodem ao som de rumba,
uns ombros que sacodem ao som de rock,
uns ombros que sacodem ao impacto de balas.
Um homem e uma mulher.
Uma mulher e uma mulher.
Um homem e um homem.
Uma criança que brinca,
uma criança que não nasce,
uma criança para sempre criança.
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