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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Momento

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Torrente de palavras,
onda apocalíptica,
titânica, volumosa,
que avança
e invade
e engole
e consome;
azul cinza,
que explode,
além da praia,
além do controle,
seu turbilhão de espuma.

Torrente de palavras,
desde sempre onda,
à espera, à espreita,
atemporal,
em sua latência e fúria:
é poesia, quando afoga.

Há mais para ler em meus blogues Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

sábado, 30 de junho de 2012

Surpresa

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Uma garça espreme sua brancura
na branqueza da areia,
longilínea, mas perto do mar,
bicos e penas, suspeitas ao sol.
Traços negros caminham na areia,
hesitantes.
Êxito do olhar.

Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

sábado, 16 de junho de 2012

Contato

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ).

Fale comigo pelo telefone:
ligue para onde não estou
e me encontrará ali.
Escreva para lugar nenhum.
Responderei à sua carta.
Mande um e-mail sem endereço.
Reenvio logo, logo.
Aguardo uma palavra,
uma só,
onde quer que eu não receba.

Visite-me ainda em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas  (link).

domingo, 27 de maio de 2012

Mar

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Sozinha não estou:
o vento, mão de pluma,
veludo e carinho.
Sozinha não estou:
o Sol, ardência de vinho,
cumplicidade do vento,
envoltos no mesmo momento,
de duas carícias, uma,
amansam o que eu sou.

Aguardo sua vista em  Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

sábado, 12 de maio de 2012

Variações sobre o tema I - Simbiose

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Dentro d'água, o pato é onda:
plácido, pena, plágio.

Dentro d'água, o pato é peixe:
fito, farsante, famélico.

Dentro d'água, o pato é pato:
marítimo, místico, mar.

Aguardo sua visita em Conto-gotas (link) e  Literatura em vida 2 (link).

domingo, 22 de abril de 2012

Tártaro

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)


O que será que me saltou aos ombros,
e me arca a coluna,
Atlas vencido,
vergastado pelo mundo?
O que será que me assaltou o dorso,
me arca a alma,
o peso do universo,
férreo, mudo, implacável?
O que será que me saltou à vida,
me assaltou a vida,
me assassina a vida?


Há postagens a serem lidas em Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

domingo, 8 de abril de 2012

Ciclo

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

No colo de minha mãe,
sou criança aninhada,
embora meus fios brancos,
a pele leve enrugada.

Enroscada em colo-sonho
– minha infância eu componho –,
deitada nessa lembrança,
vejo a velhice-criança.

Convido a meus blogues Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

sábado, 24 de março de 2012

Matura idade

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Juventude é pensar: há um futuro,
quando tudo acontece,
completamente.
Pois, no futuro, se vive
plenamente.
E, jovem, se é feliz,
porque há um futuro
e o futuro não mente.
No futuro se é belo,
se é rico, se é magro,
se viaja, se ama
e se alcança o sucesso,
indubitavelmente.
O futuro é o sonho
e a juventude é o sonho,
inconsequente.
E o futuro chega.
Mas travestido de presente.
Empurra a beleza, a riqueza,
a magreza, a viagem,
o amor, o sucesso
para a frente.
Velhice é perceber:
não há futuro.
Simplesmente.

Visite, ainda, meus blogues Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

domingo, 4 de março de 2012

Estertor

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Só preciso de cetim vermelho,
copo de bebida destilada,
em surdina, um blues gemido.
Uma sandália linda, salto muito alto,
como pontada no dente,
um pé sob a cama,
outro sobre a poltrona,
anéis espalhados por todo o quarto,
umas argolas, finíssimas,
embrulhadas na meia,
algemas arrancadas.
Preciso de um abajur aceso,
luz fraca, sem ferir o olhar,
mas deixar ver
sem esforço.
Um cheiro de perfume bom,
impregnado no lençol de seda,
na camisola, na renda rara.
De quem?

Aguardo sua visita, também, em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Para

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Dentro de um útero-terra,
se esconde um feto-semente:
perdido em oco e negro,
achado em verde porvir.
Seu silêncio e segredo
guardam uma revelação:
o que romperá um ventre,
o que surgirá no entre.
Dentro da terra-barriga,
um ovo só, sua intriga,
fabula, fértil, um enredo.
Futuro tempo descerra
o que hoje é velação.
Surpresa? Quem lê a terra,
exegese de um crente:
ainda há de intuir
um vegetar conto-ação.

Espero sua visita, também, em Conto-gotas (aqui) e
Literatura em vida 2 (aqui).

sábado, 21 de janeiro de 2012

A urgência do amor

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Poemas de amor,
hoje, me surpreendem.
Palavras em língua estrangeira
os poemas de amor.
Entradas para um espetáculo passado,
os tais poemas de amor.
E um leve sorriso
– escárnio –
me aflora aos lábios,
ao ver o empenho
dos poemas de amor.
Páginas do calendário de 1810
são e serão, sempre,
os poemas de amor.

Contos meus em Conto-gotas (aqui) e muita literatura em Literatura em vida 2 (aqui).

domingo, 1 de janeiro de 2012

Pequenos poemas para um grande ano


Todos os poemas abaixo estão registrados
no Escritório de Direitos Autorias - RJ.

Fundamental

Eliane F.C.Lima

Da vida, a coisa boa:
café fumegante,
janela e horizonte,
o olho à toa,
vagando ausente,
entre passado e presente.

Fugacidade

Eliane F.C.Lima

A força da rosa é fraca
e nisso está sua beleza:
perde o belo no eterno,
ganha em sua incerteza.

Sobrenatural

Eliane F.C.Lima

Lua redonda e branca.
Pelos olhos,
célere,
entrou-me na célula.
Pelos eriçados,
sentei-me a uivar.

Sobrevivendo

Eliane F.C.Lima

A vida se perde
e logo a tristeza se acha:
coração se encaixa.


Verão

Eliane F.C.Lima

Lago frio e verde.
Noite, a vaidosa lua
mira a si tão nua.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Tempos de paz

Caras (os) amigas (os) visitantes,

Desejo a todas (os) a felicidade completa nas reuniões familiares que comemoram as festas de Natal e Ano Novo. Mas, principalmente, desejo que 2012 seja o ano da paz para todas (os) nós.
Eliane F.C.Lima

domingo, 18 de dezembro de 2011

Jardim

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Jardineiro natural
desfolha, pétala a pétala,
as rosas, amarelidão,
almas, assim, perfumadas,
fim de seu ciclo botão.
Almas e cor, desdobradas,
amarelo roseiral,
do corpo verde de planta,
renego de ar de santa,
para o bem ou para o mal,
seus espinhos, seu punhal.

(Faça uma visita a meu blogue Conto-gotas (aqui) e Literatura em vida 2 (aqui).)

sábado, 26 de novembro de 2011

Destino

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Pobre do mar
a esperar o rio.
Pobre do rio
a correr
para o mar.
Esperança de um,
destino de outro?
Querer-se-iam esse amor?
Ironia de um –
que sofre –
o nome “rio”?
Negação de outro,
carente de um prefixo:
“a-mar”?

Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 (aqui) Conto-gotas (aqui).

domingo, 6 de novembro de 2011

Da vida

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

De repente,
o mundo some,
há voragem,
há vertigem,
rodamoinho, ruína,
abismo e vendaval,
o caos, o nada,
sem nome.
Da direita à esquerda,
vai-se do sul ao norte.
É a vida temporal.
Sob a marquise do medo,
numa oração para a sorte,
pede-se a última gota,
a derradeira lufada,
se quer a saída rara.
De repente,
a vida para.

Aguardo sua visita em Conto-gotas (aqui) e Literatura em vida 2 (aqui).

domingo, 23 de outubro de 2011

No fim da curva

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Depois que eu morrer
vou andar pelas margens de um rio,
vagarosíssimo, quase lago,
esverdeado do mato em volta,
enormes árvores,
com trepadeiras torcidas,
que pendem até o chão.
Vou sentar ali,
meio frio,
uma névoa presa em tudo,
e adivinhar gotas,
movimento imperceptível,
que pulam das folhas,
fim da noite,
orvalho da madrugada,
um círculo no círculo maior
e outro maior e outro...
Olhar agudamente,
que uma morta não tem pressa.
Ver uma folha seca,
que navega,
tranquilamente, nesse rio,
vagarosíssimo.
Se desejar, descer o rio
sentada na folha,
que uma morta não tem peso.
E ver outros lagos,
que a correnteza encontra.
Pouca luz do sol,
teimosia do céu,
que as árvores,
imensas e abraçadas,
filtram, mesquinhamente:
uma cortina, tênue e esgarçada,
quer macular o rio,
acompanhada de uma flauta de anjo,
se anjo e flauta houver.
Mas, no verde e na paz,
só silêncio,
que uma morta não precisa de som.

Ainda edito o blogue Conto-gotas (link) Literatura em vida 2 (link). Chegue até lá.

domingo, 9 de outubro de 2011

Orfandade

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Urgência:
busco uma utopia.
Quem me empresta uma utopia?
Um colo de esperança,
um ninho de certeza,
aposta no futuro.
No céu, entre as nuvens,
não paira uma utopia.
No altar, não há uma utopia,
quero acender minha vela.
À noite, de joelhos,
faço uma prece vazia,
pois não há mais utopia.


Vá até meus blogues Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

domingo, 18 de setembro de 2011

Estática

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Dedico este poema a Rafael Nolli (link do blogue)

O medo não vem da mão levantada,
bofetada em punho.
O medo não vem dos olhos raivosos,
que partem o corpo ao meio,
raio coriscante.
O medo não vem dos dentes rilhados,
que encostam os cães contra a parede.
O medo não vem da sombra negra,
silhueta de punhal à mão.
O medo vem das mãos cruzadas,
dos olhos baixos,
do silêncio covarde, envergonhado.

Aguardo sua simpática visita, ainda, a meus blogues Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

domingo, 4 de setembro de 2011

Flashback

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Magra menina,
aquela.
Magra vida,
mancha de sonho,
aquarela.
Olho triste,
feia menina
revela.
Um azul todo borrado,
sonho de menina,
tela.
Tanto medo,
hoje rima,
ela.

Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

sábado, 20 de agosto de 2011

Tradutor

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

Há uma carta.
Não diz nada,
coleção de palavras.
Quem lia
era meu coração,
escritor, poeta, iludido.
Ele lia “amor”,
onde havia “panela”,
“paixão”, onde “sapato”,
“eterno”, onde “saída".

Aguardo sua presença em meu outro blogue Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

domingo, 31 de julho de 2011

Passado a limpo

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Todo morto vira santo.
Nunca mais o dinheiro roubado,
a intriga contra o inimigo,
a vizinha mal falada:
discrição e gravidade.

Visite também meus blogues Conto-gotas (link) e Literatura em vida 2 (link).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Felina

Eliane F.C.Lima (registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Tal qual os gatos, no frio,
sento-me ao sol.
O quente vem chegando,
manda o frio embora,
manda a ânsia embora,
embora a hesitação.
O quente traz as certezas,
a paz amornando a pele.
A sapiência é um gato.

(Visite, ainda, os blogues Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link) .)

domingo, 19 de junho de 2011

Hosana

Homenagem a José Saramago (1922-2010)

Eliane F.C.Lima (Registrado no EDA - RJ)

Hosana

Sentado estava Deus, e absorto
– que Deus também tem dúvida e anseio.
E chega-lhe, de manso, em pleno horto,
um magro homem e senta ali no meio.

De imediato o deus o reconhece,
é Saramago, dele não se esquece.
O homem, mesmo vendo, não acredita
e se exaltar, à toa, ainda evita.

Mas o outro – a espera não foi vã –,
mesmo Deus, o coração aos pulos,
sorri de si, e mais dos homens fulos
que, no lodo, cospem ira anã.

Mostra as guirlandas postas pelos cestos,
a festa preparada ao José,
declama, decorados, os seus textos,
demonstra com clareza sua fé.

Diz-lhe que agradece a cada dia
a negação daquele deus cruento,
do que foi só malévolo invento,
daquilo que – por Deus! – não existia.

Negando as hipócritas mentiras,
o uso da falácia e do poder,
falsa verdade que sempre o traíra,
Saramago o estava a defender.

Manso poeta, o abraço às costas,
vê ao redor de si um outro homem,
e, sem se importar por quem o tomem,
envolve-lhe, cálido, as mãos postas.
(03-07-2010)


Aguardo sua visita em Literatura em vida 2 e Conto-gotas.

domingo, 5 de junho de 2011

Paz gustativa

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

À tarde, leite fervente com canela,
bolo de milho ainda morno.
E o mundo é bom,
as pessoas, fraternas e generosas,
a felicidade, eterna.
(Aguardo você em Literatura em vida 2 e Conto-gotas.)

(Continuo remetendo para o Longitudes, de Nydia Bonetti, poeta que postei em Literatura em vida 2. É maravilhar-se.)

domingo, 22 de maio de 2011

Poesia

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Móveis antigos não falam.
Quem fala sou eu,
ouvindo-lhes a voz secreta,
um murmúrio contínuo,
de muitos, do passado.
Lembram de tudo
e não contam.
Conto eu,
minha voz secreta,
meu murmúrio contínuo,
do presente.

domingo, 8 de maio de 2011

O seio

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Poema dedicado à minha mãe, um pouco antes de sua morte.

Hoje preciso de mãe mais do que nunca,
me enrolar em seus braços e tremer de medo.
Porque tenho medo mais do que nunca,
eu que nunca temi coisa nenhuma.
A maior solidão é a de não ter colo de mãe,
refúgio inexpugnável.
Naquele rosto frágil e delirante reconheço tudo:
a demência, o pavor, o escuro da insensatez.
De quem é esse rosto, minha mãe?
Não o seu, não o seu.
Onde o refúgio, onde o colo,
onde o seu olhar nesses olhos enlouquecidos,
nessa face envelhecida e tristonha,
nessa respiração arquejante,
nessas palavras vacilantes e sem nexo?
Onde a mãe?
Mãe é forte, é consolo, é abrigo.
Hoje sou eu que preciso ser forte
e onde a força?
Hoje sou eu que devo proteger
e onde o colo,
eu que choro fraca e amedrontada, recém-nascida sem alívio [de seio?
Ser sua mãe?
Em mim só cabe a pequenez de filha.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Monólogo II

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

A solidão envolve o ser humano
e o ser se vê preso pela corrente do sozinho.
A multidão congela o ser em uma ilha.
Barcos vão e vêm.
Mas uma ilha olha outra ilha, de longe e só.

A solidão é uma galáxia de estrelas.
E estrelas piscam suas luzes individuais.
Mandam mensagens, querem conversa,
mas ninguém responde...
E uma estrela olha outra estrela, de longe... e só.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

AVISO

Devido à preparação de mudança para o Rio de Janeiro - de volta a meu paraíso! -, durante, pelo menos, este mês, não haverá postagens novas. Agradeço a quem quiser visitar os poemas já editados. Mas, abaixo, uma quadrinha fevereira.

O retorno

Nascida em fevereiro,
sou
peixe de água doce.
Ainda não o fosse,
sou o Rio de Janeiro.
(06-02-2011)


sábado, 29 de janeiro de 2011

Família

Eliane F.C.Lima (Registrado no Escritório de Direitos Autorais)

Mesa de pés de ferro,
o tempo, já azinhavre,
o tampo, vidro pesado,
os anos, já mais de cem.
Veio de avós de avós,
juntando história e matéria.
Pura ilusão, penso eu:
lembranças, sonhos, feitiços,
tudo volátil e enganoso,
tudo morto e enterrado.
Calam-se a mesa, seus pés
e o transparente tampo.
A matéria, sobrevida,
mas a história já mudou,
lembranças, sonhos, feitiços,
tudo, há muito, se calou.
Sobre o vidro, meu papel,
minha caneta e memória.
Minha poesia vive,
tal qual estes pés de ferro,
minhas avós desenterro,
comigo, um século vem.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - EDA - RJ)


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domingo, 16 de janeiro de 2011

Fim de caso

Eliane F.C.Lima

Eu andava cheirando o chão onde passavas,
como os cachorros.
Como mudou assim?
Junto as coisas que deixaste,
na fuga,
e faço xixi em cima.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)


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Estou ainda em:
1.
Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link).
2
.
Recanto das Letras (aqui).
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domingo, 2 de janeiro de 2011

Desejo de Ano Novo

Eliane F.C.Lima

Não sei o que se passa, de repente,
que ando procurando alguém ausente,
que ando procurando um sentimento,
pisando com esse passo vago e lento.

Um dia havia amor, isso havia,
sorri diversas vezes, algum dia.
A taça borbulhante em meu peito,
era esperança, fosse de que jeito.

Hei de encontrar atrás de alguma porta,
a esperança ainda não está morta,
ouço-lhe, ainda, forte a chamada.

Há uma senha, chave encantada:
quero abrir, com força, a porta certa,
hei de mantê-la, para sempre, aberta.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)


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domingo, 19 de dezembro de 2010

Iguaria

Eliane F.C.Lima

Hoje,
em minha mesa,
serve-se a saudade...
Cercada de bons vinhos,
um manjar branco e antigo,
suas arcaicas ameixas,
à sobremesa.
Em meu prato de porcelana,
herdado e fino,
degusto o passado,
um copo de lágrimas, de permeio.

(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)


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domingo, 5 de dezembro de 2010

Ciclo

Eliane F.C.Lima

Desde as cavernas,
as águas rolam
e os raios, estilhaços no céu.
Aquele ser, aberta a boca e os olhos,
treme de medo,
desde as cavernas.
Senhor dos animais,
das plantas, rios e lagos.
Dos raios explodidos,
das águas inundadas,
terremotos e furacões,
dos prédios desabados,
tremerá de medo,
oculto de novo,
em suas cavernas.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais - RJ)

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domingo, 28 de novembro de 2010

Intriga

Eliane F.C.Lima

Mangueiras. Comadres:
boatos secretos,
suas folhas pontudas,
murmurinhas ao vento.
Sussurram de mim
suas vozes de chuva?
Disfarces, olhares oblíquos,
malícias, maldades?
As mangueiras, comadas,
seu verde, verdugo,
vergasta a verdade:
um grande segredo
rumoram ao vento.
(Registrado no Escritório de Direitos Autorais,
como todos os textos)



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domingo, 21 de novembro de 2010

Mudança II

Eliane F.C.Lima

Casa nova: limite afrouxado
para não caber meus sustos,
angústias, desilusões.
Meu corpo dilatado:
sala enorme, corredor sem fim,
varandas e quartos.
Para caber a minha alma,
vaga, que vaga,
novo espaço alargado,
casa nova, corpo antigo,
corpo antigo, casa nova,
buscando a feliz esperança,
que aqui está.

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domingo, 14 de novembro de 2010

Mudança

Eliane F.C.Lima

Nova casa, nova alma,
seu ninho entre paredes.
Novos sonhos,
guardados nesses quadrados.
Nas janelas, em seus quadros,
os sonhos entram ou voam.
Minha casa, corpo ampliado
e a alma alargada nos quartos.


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sábado, 6 de novembro de 2010

Diamante

Eliane F.C.Lima

A vida é o ourives.

Sou polida a cada dia.
Reverso de diamante,
vou perdendo o brilho.
Ontem fiquei mais fosca que antes,
hoje sou menor que ontem.
Cada vez valho menos.




Convido o visitante deste blogue a ir a Conto-gotas (por aqui), onde há um novo conto meu e a Literatura em vida 2 (o caminho é esse), no qual posto novo ensaio.

Estou ainda em Debates Culturais, onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima (link).

domingo, 24 de outubro de 2010

Afinal

Eliane F.C.Lima

O meu dragão, onde está?
Procuro pelas esquinas.
Onde foi que se perdeu?
Tem as garras afiadas,
a bocarra imunda e quente,
seus olhos verdes vidrados,
o ódio acaba na cauda.
Tudo junto, onde irá?
Apuro ouvidos e olhos,
apuro, fino, meu faro,
a minha pele esfriada,
procurando labaredas.
Aguardo seus urros loucos,
incêndios e destroçar.
Belo corpo, meio cobra,
asas negadas de anjos,
se pode, vai para o céu,
se não, rasteja no chão.
Sabe de si, sabe tudo,
esse meu dragão querido.
Hei de achá-lo, de surpresa,
hei de dar-me, sua presa.

Convido o visitante deste blogue a ir a Conto-gotas (por aqui), onde há um novo conto meu e a Literatura em vida 2 (o caminho é esse), no qual posto o ensaio "Essa gente raivosa." Estou ainda em Debates Culturais (link), onde passo, agora a publicar alguns artigos, bastando um clique, na lista "Colunistas", à direita, em Eliane Lima. Recomendo ainda, nesse mesmo endereço, a excelente Cintia Barreto, além de todos os outros.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

O Haiti dentro de mim

Eliane F.C.Lima

Tive um sonho mau:
de destroços, de choro, de fome.
Eram pés deambulantes,
bocas rotas,
olhos em busca de vida.
O mundo era ali, tragado, –
resto de mundo – e ruínas.
O caos. Aí, a vida errante,
erra, vagarosamente,
com pernas bambas,
passos inseguros.
A vida buscando
sob minhas lajes,
no meio do pó desabado,
por entre vigas caídas,
um restinho de humano.

domingo, 10 de outubro de 2010

O vento e o tempo

Eliane F.C.Lima

Diz Cecília que o vento,
o vento empurra o tempo,
mexe as folhas, leva areia,
revolve a alma e a vontade.
Cecília diz que o tempo,
o tempo empurra a vida,
corta a sorte, faz ferida,
apaga a felicidade.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Retrato

Eliane F.C.Lima

Era a vida,
seu movimento:
a juventude, o sonho, a festa.
Caleidoscopio colorido,
tudo mudança.
E veio a foto,
caras muitas, sorrisos sentados,
braços e ombros, entrelaços,
alegria presa do papel.
A vida, fugaz, foi.
Velhice,
mortos quatro,

um olha a foto:
de quem são os sorrisos,
de quem a juventude,
onde a festa,
que é do sonho?
A alegria, fugaz, fugiu.

Aguardo a todos em Literatura em vida 2 (link) e Conto-gotas (link).

domingo, 26 de setembro de 2010

Mágica estrada

Eliane F.C.Lima

Nasci e a vida já indo:
um roteiro pela frente,
enorme estrada de luz.
Hoje, as luzes se apagando,
aperto os olhos e ando,
agora, já devagar.
E percebo, inutilmente,
que o caminho é só voltar.

Há conto novo em Conto-gotas (link aqui) e nova postagem em Literatura em vida 2 (clique aqui).

domingo, 19 de setembro de 2010

Totalidade

Eliane F.C.Lima

Se me defino, eu me reduzo.
Aparo arestas, corto esquinas
e me arredondo.
Se me arredondo, eu me reduzo,
se é o círculo a perfeição.
Se sou perfeita, eu me reduzo,
tinha de um lado, tinha de outro,
o mau e o bom.
Se sou bondade, eu me reduzo.
Sou céu, sou chão,
ave altaneira, reptil cobra.
Se sou só cobra, eu me reduzo,
quero rastejo e quero voo.
Ser cobra e ave e peixe e lua,
se fico opaca e se eu luzo,
se sou a falta e sou a sobra,
faço o meu mundo para meu uso.

Em Conto-gotas (link), há postagem nova. E em Literatura em vida 2 (link), a poeta a ser visitada é Helena Kolody.